O Mototáxi Roquenrou – Conto

por | out 15, 2014 | Contos, Sem categoria

jack bauer

Um dia de Jack Bauer. Um dia de pegar o ônibus pra ir pra casa. Um dia alucinante, só que sem uma galerinha do barulho. Apenas com um moço de mototáxi. Super roquenrou.

20 minutos para pegar o ônibus.

Faltavam 20 minutos para pegar o ônibus, olhei o relógio que deixei propositalmente 10 minutos atrasado pra sentir que estava mais atrasada do que estava e assim chegar mais cedo. Não funcionou. Liguei correndo pro mototáxi, avisei que ia pra rodoviária. Disseram que mandariam o moço logo.

Desliguei o celular, olhei pra mochila arrumada, pra sacola que continha o que não coube na mochila (que não podia ser grande já que tinha que caber nas costas, na moto não dava…), peguei e decidir descer correndo os lances de escada pra ir pra portaria.

17 minutos pra pegar o ônibus

Ah. Aquela sensação linda de olhar pra rua esperando o moço do mototáxi. O tempo correndo numa ampulheta imaginária, imaginário também era o pensamento do ônibus saindo da plataforma. Comecei a pensar em rotas alternativas, em vez de ir pra rodoviária podia pedir pra deixar em outro ponto por onde ele passava rumo à serra.

15 minutos para pegar o ônibus

Avistei o colete no moço que indicava que era o mototáxi, ele atravessou a rua e parou na minha frente. Me passou o capacete, mas não pude deixar de achar interessante o tal motoqueiro. Ele estava de regata, ou não, não dava pra ver por baixo do colete, com seus prováveis mais de 50 anos, a pele escura de tanto tomar sol, com cara de litoral ou sertão, cabelos pretos no ombro, e óculos escuros estilosos. Além das tatuagens nos braços que ajudavam a compor o “look”, e as luvas no mesmo estilo. Essa “reparação” toda no moço durou meros segundos, enquanto eu penosamente tentava colocar o capacete na cabeça, até lembrar que tinha que tirar os óculos pra conseguir. Sentei na moto, segurei nos ombros do moço (não conseguiram me convencer da estabilidade de segurar naquele trequinho na parte de trás do banco. Os ombros do moço tão lá pra isso.) e saímos.

14 minutos para pegar o ônibus

Ele nem perguntou pra onde ia, confirmando ou não, a ida pra rodoviária, saiu na maior velocidade, cortando carros, lombadas, pessoas carroças, buracos.

13 minutos para pegar o ônibus

Claro que tínhamos que pegar trânsito. Pensei comigo mesma. Óbvio que iam aparecer carros querendo subir aquela ladeirinha mais devagar, não querendo adiantar minha vida e meu stress. Ai. Até o ritmo acelerado do motoqueiro roquenrou teve que ser desacelerado. Ele até chegou a parar a moto. Fiquei chocada que as leis da física que impedem que dois objetos ocupem o espaço ao mesmo tempo, tivessem impedido o moço do mototáxi a correr desenfreado rumo ao destino.

10 minutos para pegar o ônibus

Passamos a parte de trânsito e ele subiu a ladeira master blaster como se fosse plana. Eu quase capotando pra trás. Mas estava tudo bem, estávamos a 3 curvas do destino.

9 minutos para pegar o ônibus

Ele conseguiu me deixar na rodoviária, dei o dinheiro e ele disse boa viagem por baixo de seus óculos roquenrou. Agradeci e corri para o ônibus, depois de ele sair correndo também para sabe quem seu próximo destino estiloso, nem comprado passagem havia ainda, mas fui pensando de onde teria vindo aquele motoqueiro roquenrou para correr e me deixar lá a tempo de pegar aquele ônibus… e quem sabe partir numa rodovia qualquer pra um show misterioso de rock.

 

 

(E um FELIZ DIA DOS PROFESSORES! Pra todos esses que fazem a criatividade encarar a teoria e não ficar chata haha 😀 Desde o pré, até a pós-graduação, sempre teve um professor incrível que passou pelo caminho ^^)

 

 

 

(e não esquece de participar do sorteio de aniversário que tá rolando! 😀 de preferência sem estar atrasado pra pegar o ônibus, hein…)

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.