1º de Abril – A verdadeira história… ou não.

por | abr 1, 2014 | Contos, Humor, Sem categoria

1º de abrilEeee… Nesse 1º de abril, um dia incrível, onde você precisa ficar atento a TUDO, venho contar a verdadeira e chocante história dessa data… Ou não.

Em homengaem à este 1º de abril começaremos com a verdadeira história do April´s Fool, ou pesce d’aprile ou ainda poisson d’avril, na Itália e França, respectivamente.

Tudo começou numa terça-feira chuvosa…num ano bissexto…
#not

Na verdade, o feriado surgiu na terra da Rainha, provavelmente na mesma época em que a lenda mais atual e fictícia do Halloween surgiu (aquela sobre Jack, que teria enganado a Morte*aka Zé Porta, para leitores de Terry Pratchett* algumas vezes e que simplesmente ganhou como bônus uma linda e séchi cabeça de abóbora e o desprezo da própria Morte, tendo de viver por muito tempo enchendo o saco pagando seus pecados e irritando aqueles que ficaram vivos.)

Historiadores dizem que na mesma região teria surgido uma lenda sobre um homem chamado John (Uau, só faltava dizer que o sobrenome do infeliz era Doe…)que tinha a doce mania de em certa época do ano *leia-se todo santo dia* de espalhar boatos pelo vilarejo afora, era praticamente o esteriótipo feminino de alguém fofoqueiro.

Os boatos variavam simplesmente de uma falsa fofoca sobre um casamento arranjado entre as irmãs Thompson e o conde que vivia por lá, (dizia que ele teria se confundido e proposto casamento para as duas garotas) até algo mais sério como a chegada de um mensageiro dizendo que se iniciara uma guerra civil pelos direitos de algum ser aleatório (ou para salvar os lindos pandas do Nordeste).
Infelizmente, para o resto dos inocentes moradores do vilarejo em questão, os boatos eram considerados verdade (a falta de internet na vida deles facilitara muito o trabalho de John…)e a reação à eles considerada necessária, seja em quase iniciar uma guerra familiar para decidir qual das duas gêmeas acabaria se casando de fato com o Conde, que por final nem sabia sobre o que estava acontecendo até ser tarde demais e ter uma noiva com véu e grinalda no beiral de sua porta. Ou ainda iniciar o recrutamento dos jovens mais aptos a lutar pelos direitos que fossem do país.

E assim o cotidiano da vila era mudado e agitado constantemente pelas estripulias de John, que como alguém que tem um TOC para espalhar boatos que provavelmente irão prejudicar a muitos outros envolvidos, continuava sem nenhum pudor a tecer tramas novas e complexas.
Até uma manhã que já começara meio estranha mudar toda a situação. Um estranho surgiu no horizonte que separava o mundo daquele pequeno vilarejo amaldiçoado pela língua ferina de John, e aquele jovem rapaz não sabia a grande influência que sua chegada ocasionaria…
Não levou muito tempo para que sua chegada fosse acompanhada de outro boato vindo de fonte ociosa, sua estadia recebendo a fama de “procurado pelas autoridades por assassinato em série de toda uma pequena cidade”, apesar de já estarem calejados de tanto caírem de cabeça nos boatos de John, o pacato e sofrido grupo de pessoas caiu novamente na conversa alheia e decidiram fazer algo a respeito(e como todos sabem, os antigos adoravam tochas e forcados).

Então após longas horas e dias seguidos de fatos que necessitariam de descrição mais extensa (e provavelmente dariam preguiça aos não-leitores) chegou-se à seguinte situação:
o Estrangeiro trancado numa casa aleatória cercado pelo resto do vilarejo (situação extremamente frankstein), desesperado só de pensar nos forcados enferrujados lhe atravessando as vísceras, se não morresse por tudo aquilo, morreria de tétano com certeza.
Então, num momento de lucidez temporária um dos moradores gritou janela acima quantos o Estrangeiro já havia matado, o qual respondeu que não fazia idéia do que estavam falando, que simplesmente fora visitar a cidade pois ficava no meio do caminho até a capital.
John assistia à tudo aquilo com uma cara de choque, ficara sem reação ao finalmente sentir o peso na consciência por ter falado mais do que sabia, ainda mais quando poderia acarretar na morte do tal Estrangeiro. Decidiu pela primeira vez usar seu poder de persuasão para o oposto ao lado negro da força.

Ele simplesmente ficou entre a porta e a multidão armada, que o encarou com confuso interesse.
Levantou as mãos e disse o mais alto que podia que na verdade havia sido ele que falara que o homem era um assassino procurado, e começou a desfiar tudo que havia tecido com suas palavras. A falta de prática em confessar coisas lhe fez gaguejar umas tantas vezes antes que pudesse terminar. Quando finalmente o fez, um silêncio desconfortável preencheu o ar ao redor, um ar pesado, estranho e…
Um barulho interrompeu todo o fluxo do vento, uma risada contida no meio da multidão, que foi acompanhada depois por outra, e mais outra, e mais outra, até que todos à frente de John riam descontroladamente.

Ele os encarou confuso, e após um tempo, um dos homens à frente da multidão enxugou as lágrimas e conseguiu reunir fõlego para lhe explicar que todos já sabiam da mentira, era óbvio que depois de tantas não iriam confiar em boatos vindos dele, muito menos boatos que valessem a vida de outra pessoa.

E nesse dia em que John foi pela primeira vez enganado, começou um feriado regional, em homenagem ao maior tolo de todos, aquele tolo que até o fim acreditou ter conseguido fazer os outros de tolo. (embora John ainda tenha tentado muitas vezes espalhar boatos, um vício é sempre difícil de largar, e foi bem sucedido algumas das vezes, para desespero alheio)

O Estrangeiro foi embora daquela cidade, e acabou por ir divulgando por onde passava a história que presenciara, espalhando a semente de uma dia que pelos franceses antigos seria o início da primavera (talvez seja pelo fato de os franceses terem achado isso que os ingleses resolveram zoar a data…), e que se tornaria um dia o eterno feriado do dia da mentira, o nosso humilde 1º de abril.

(como é primeiro de abril, em vez de fazer um post novo, estou reciclando do Aetria’s Diary. Issae.)
Um bom 1º de abril procês aí.

 

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