“Fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto – quer dizer, ninguém grande – a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o que tenho que fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar para onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas seria a única coisa que eu queria fazer.”
O maior mérito dO Apanhador realmente é o fato de ter sido o o primeiro livro americano a dar atenção à audiência adolescente, assim criando um ramo na literatura que até hoje perdura. É, inegavelmente, um clássico.
Todo o descontentamento pós-guerra dos EUA são condensados em uma narrativa muito humana, muito íntima, seguindo o ponto de vista de Holden Caufield enquanto ele relata sua vida e seus anseios de forma que somente uma pessoa que se importa com os sentimentos dele poderia interpretar. Por exemplo: Tudo para ele é babaca (phony, no original), exceto a irmã que não cresceu ainda. Com o fluir da narrativa você percebe que o desprezo por tudo na verdade é um medo do futuro, um medo de virar adulto. Toda as pessoas que dizem que o livro se arrasta, na minha opinião simplesmente falham em perceber que cada cena representa alguma coisa da psique dele.
O desejo dele de ser um apanhador no campo de centeio é, tecnicamente, o desejo de salvar as crianças de um futuro que ele teme. Essa é a mágica do livro: Ele fala com o coração. O livro é bem famoso por encantar muita gente por que ele consegue tocar num eu que todos nós tivemos (ou temos).
Bom, se tem uma coisa chata é a maneira como ele fala daquele jeito que, puxa, os adolescentes daquela época falavam, então, carambola, isso é mesmo chato, puxa vida, não é mesmo?
O mais interessante é como ele reitera o tempo inteiro que é louco e ao final da narrativa você descobre que aquela narração é um exercício psicológico dele. Só lendo pra entender.
As pessoas que não enxergam isso ficam indignadas que um livro desses seja tão famoso e acabam odiando, por isso tem tanta resenha enaltecendo o teor do livro e muitas descendo o pau nele, ou seja, quase todo mundo ou ama ou odeia. Eu apenas gosto, e por isso O Apanhador no Campo de Centeio alcançou 7 Gabos no medidor.
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O Apanhador no Campo de Centeio – J. D. Salinger
208 páginas – Editora do Autor
PS: Qual a dificuldade de fazer uma capa boa pra esse livro, meu? Sérião! Quanta capa feia.
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