O Senhor das Moscas – Rapidinhas 15#

por | nov 4, 2016 | Rapidinhas, Resenhas, Sem categoria

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“_ Poderíamos ser uma espécie de… – Simon não conseguiu falar, no seu esforço de exprimir o mal essencial da humanidade. A inspiração acabou chegando. – Qual a coisa mais suja que há?”

Náufragos em uma ilha deserta, um grupo de meninos em idade escolar elegem um sistema democrático de liderança que decai aos poucos à medida em que a ganância, o orgulho, a loucura e a maldade, inerentes do coração humano, antropologicamente os regridem a selvagens.

William Golding mereceu mesmo o nobel de literatura, se é que o prêmio realmente significa alguma coisa. Parece que tudo foi pensado minuciosamente. De maneira não fastidiosa, ele trata das maravilhas da ilha e contrasta o paraíso com o inferno em que ela gradativamente se torna. O foreshadowing é sensacional: O personagem Roger arremessando pedrinhas na praia no início, e as “pedrinhas” que ele arremessará até o fim. A história também é repleta de símbolos. A concha é uma alegoria clara à democracia. Há um paralelo incrível entre o bicho, uma hora representado como a cabeça de um porco numa estaca, a caça aos porcos para obter comida e o personagem que seria a única e verdadeira voz da razão na ilha, cujo apelido é Porquinho.

Aos poucos as crianças desenvolvem seus rituais de loucura e regridem a verdadeiros… bichos! O sentimento de transe em que entram é tão hipnótico quanto a maneira em que o livro é escrito, de forma que não dá pra desgrudar os olhos das páginas às vezes. A tensão chega de maneira suave e imperceptível e acompanha o leitor até o fim, crescendo gradualmente até tornar-se horror. O ponto mais alto do livro porém, deve estar no fato de só ter personagens infantis, com comportamentos infantis, e em momento algum, ser um livro infantil. Não é a toa, é literatura obrigatória em várias escolas americanas.

Vale a pena lembrar que há uma disparidade com a ideia rousseauniana de que a sociedade corrompe o homem e a ideia de Hobbes de que o mal é intrínseco ao ser humano. O Senhor das Moscas vale boas reflexões pós-leitura. Baita livro, nota 9.

Nota 9

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O Senhor das Moscas – Willian Golding
258 páginas – Novas Fronteira

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