Fim – Rapidinhas #2

por | maio 19, 2016 | Rapidinhas, Sem categoria

 

“Leu Platão, O banquete, com o grupo de estudos, e descobriu-se andrógina. Algum deus maldito havia cortado ao meio seu corpo de origem, separando-a do homem dela. Queria encontrá-lo, reavê-lo. À noite, fantasiou ser costurada de volta, ponto por ponto, pele com pele, sentiu calafrios e dormiu excitada. Ruth só esqueceu de prestar atenção no alerta do sábio: “Só se ama aquilo que não se tem”.”

Aviso: Essa resenha é egoísta.

Já tinha dado uma lida no primeiro capítulo quando o livro foi lançado e achei-o mórbido demais e com personagens demais, fácil de se perder. Agora, anos mais tarde, engoli o livro em aproximadamente seis horas.

Os personagens são pontos tão negativos quanto positivos: Os velhinhos cariocas que outrora foram os grandes paladinos do desbunde brasileiro, cada um estereotipado à sua maneira, são ao mesmo tempo péssimos e ótimos. Mas foi o capítulo da personagem Ruth que me pegou de jeito, porque eu pessoalmente me vi nela, completamente. A história dela raspa no meu cliché favorito, o do “morrer de amor”, mas se mantém firme e até que original.

Fernanda Torres imprimiu em seus personagens personalidades separadas, algumas cujas opiniões são o total contrário do politicamente correto, sem que dominem o livro (sim, não me esqueci daquele texto nada feminista da Fernanda).

O humor é fraco, não ri nem um pouquinho, mas a escrita é leve, mais ou menos equilibrada (muito chavão) e gostosa, é uma leitura que passa rápido, mas tem que prestar atenção. Não há marasmo e nem desperdício de história (história, não palavras).

Os pontos positivos: A história se amarra de uma forma sensacional. Se você reler, verá que já no primeiro capítulo são mencionadas passagens só explicadas no último. A história deve ter sido editada diversas vezes, porque todos os capítulos se complementam.  Além disso, a comédia, as situações engraçadas, a ironia do viver, tudo isso é impresso lado a lado da melancolia. O final é melancólico, triste até. Mas dá pra pegar a ideia: Não somos imortais e é assim que as coisas tem que ser mesmo.

Confesso no entanto que essa resenha é totalmente parcial e egoísta. Eu vi aqui um livro que EU escreveria se eu tivesse tempo e habilidade suficientes. Por tudo isso, Fim atingiu uma nota ótima para um “livrinho”: 8 Gabos. Se eu fosse meio egoísta, teria sido um 7,5. E teria ganhado 8,5 se não fosse o epílogo desnecessário.

8

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Fim – Fernanda Torres
201 páginas – Companhia das Letras

 

2 Comentários

  1. Pedro Izidio

    Tenho certa curiosidade e vou tirar um tempo para lê-lo. Sobre as personagens, tive certo receio com o “Cem Anos de Solidão”, porque além de serem muitas possuem o mesmo nome.

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    • RafaelVic

      Pois é, cara, quando li Cem Anos de Solidão pela segunda vez eu até desenhei uma árvore genealógica, haha.
      Mas esse aqui é mais tranquilo. 😛

      Responder

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