Os Instrumentos Mortais – Cidade dos Ossos e Cidade das Cinzas – Rapidinhas #28

por | jun 2, 2017 | Rapidinhas, Resenhas, Resenhas

 “Crescer acontece quando você olha para trás e percebe que há coisas que gostaria de poder mudar.”

Clary Fray luta para reencontrar a mãe e desvendar seu passado, perdida num recém-descoberto submundo mágico de vampiros, lobisomens, feiticeiros, caçadores de demônios e a quase reencarnação literária do Sephiroth.

Seguindo um rumo bem ficção científica infanto-juvenil pós-Harry Potter, Cassandra Clare nos brinda com uma história extensa e cheia de rodeios, com uma cultura rica, porém mal-trabalhada. Ela te agarra pelo pescoço e não te dá tempo de respirar. Mal se termina o primeiro capítulo e você já conheceu cinco protagonistas. De repente a história te enche de informação sem parar e tem-se a impressão de que será assim até o fim. Pelo menos uns 10 capítulos do primeiro livro passeiam com os personagens para lá e para cá pra poder explicar pro leitor como o mundo funciona, quem foi quem na Clave e no Ciclo, o que é um portal, o que significa nephilim, stela, parabatai, etc… Sério, até o título, nada atraente para quem nunca leu nada da série, é uma bomba de informação. Mas nada é tão curioso quanto a força com que Cassandra faz isso: De repente era informação pra caralho e eu simplesmente lembrava de todas elas. Ué, funcionou? Sim! E muito bem.

A escrita é meio infantil no começo, mas ao mesmo tempo ela tem paixão, tipo fanfic. Foi só depois de terminar o primeiro volume que resolvi dar uma pesquisada na internet e descobri tudo. Não apenas Cassandra é uma ficwriter famosa, como também ela escreveu MUITA fanfiction de Harry Potter. (Fiquei pasmo quando descobri a Draco Dormiens). Esse estilo meio fanfic de escrever é bom e é ruim. Por um lado ele é facilmente desvendável (o paralelo Jace/Clary e Draco/Gina é tão óbvio), a escrita é sempre muito teen e nada profissional, as comparações são estranhas, os personagens adultos tem um comportamento adolescente e imaturo e muitas coisas são forçadas. Mas para melhor ou para pior, é um estilo de escrita. É o tipo de livro que eu posso passar horas citando os defeitos e poxa, li os dois volumes em uma semana e já estou na metade do terceiro. E com certeza lerei todos. Aliás, depois de passar o nervoso do primeiro livro aprovado, Cassandra encontra a mão de escritora e o seu caminho único, de forma que o segundo livro segue num estilo muito mais próprio e confiante, tornando a história muito mais gostosa.

Infelizmente a autora, como toda ficwriter, perde o foco da trama pra focar no que ela gostaria de ver. Pra que desviar a trama pra vampiros e lobisomens se a gente mal conhece os nephilim ainda? Cadê os outros demônios? Alguns personagens não tem conteúdo, nasceram apenas porque eles são estilosos demaaaais (oi, oi, Raphael? oi?). A personagem Isabelle é tão sem sal que eu publiquei essa resenha com o nome dela errado e tive que voltar pra editar, Alec é outro personagem que se está ou não em cena, é como se não estivesse.

Pontos positivos: Bater toda a fantasia do livro com a cultura pop, como citar animes sem ofender ninguém, por exemplo. Dar mais personalidade ao Jace do que o Draco Malfoy teria. A química entre Clary e Jace é muito boa e isso facilita bons diálogos. Simon é um personagem ótimo, mas infelizmente só desabrocha no segundo livro. O desfecho do primeiro livro foi surpreendente e o do segundo manteve o hype com um gancho ótimo pro terceiro.

Nem preciso dizer que os editores não levaram Cassandra Clare à sério. Com um título gigantesco e até estranho, uma arte de capa deplorável  (quem leva a sério um livro com um tórax masculino na capa?) e um tom de voz na edição que me pareceu extremamente “esse é um livro exclusivamente para meninas”. Afinal, por que o abdômem do Jace tá na capa do primeiro livro se a protagonista é a Clary? Aliás, a capa é holográfica, parece um card pokémon. Deplorável. (Nem vou começar a xingar a capa do spin off As Crônicas de Bane, que comete o crime de estampar um modelo com rosto, matando de todas as formas a maneira como o leitor imagina o personagem, seja ele bonito ou não). E O COMENTÁRIO NA CAPA DA STEPHENIE MEYER FOI DE CAGAR! Nunca vi um livro TÃO mal produzido. Uma simples capa preta com “CIDADE DOS OSSOS” em Garamond seria melhor. Felizmente uma vez por década a Record lança essa ótima edição de colecionador que engloba os livros de dois em dois, embora não seja menos espalhafatosa. Vamos ver quantos anos vai demorar pra ela lançar o terceiro.

Acho que o resumo é esse: Posso citar mil defeitos, mas como eu sou uma fangirl ridícula, quero ler todos. Vai pra minha pilha de guilty pleasures, junto com High School Musical e Percy Jackson. Deu pra entender né? Nota 8, por ter conseguido me prender tão facilmente.

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Os Instrumentos Mortais – Cidade dos Ossos e Cidade das Cinzas – Cassandra Clare
677 páginas – Galera Record

1 Comentário

  1. Stephany Ramos

    “Crescer acontece quando você olha para trás e percebe que há coisas que gostaria de poder mudar.” Posso colar essa frase na minha testa? Adorei o post, Cami <3

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