Hippie Literária – Conto

por | set 10, 2015 | Contos, Sem categoria

hippie

“Eu tava lá, nas praia, vendendo minhas arte… minhas arte ou seja, meus livro”. Vem cá conferir o novo conto do Castelo 😀 A Hippie Literária!

E vira e mexe aparecem contos brisas aqui no Castelo, você pode conferir todos clicando aqui (lembre que pra acessar os posts anteriores é só apertar a seta na lateral esquerda da página!)

Esse conto em questão foi inspirado por uma das várias (todas) conversas nóias que tive com a moça Isabella Grego, que já inspirou outras loucurices que apareceram por aqui, como esse post, para a presente situação um papo ligeiramente relacionado com largar tudo e vender as arte na praia (Plurais todos intencionadamente errados aqui, pipols. HAHA) Na verdade a princípio a intenção do conto era uma, mas acabou se moldando pra outra coisa no final. Bem…

Tem até ilustração feita pro conto ó (ela aparece na capa e no Insta):

ilustração

Vamos ao conto brisa então:

Hippie Literária

Então, um dia disse chega.

Chega de você.

Chega de mimimi.

Chega de respostas dúbias e sem sentido. De fingir que estava tudo bem. Chega de não se revoltar em seguir um sistema complicado e insensível e insustentável.

Não precisava daquilo mais.

Pegou suas coisas, pegou sua mala, uma sacola grande, algumas coisinhas que poderia precisar como roupa íntima extra e confortável e uma escova de dentes, meteu uns livros antigos e uns novos dentro da sacola e todos os cadernos em branco que havia acumulado por tanto tempo. Eram muitos de fato. Que havia acumulado durante os vários anos pelas capas bonitas ou papel interessante.

Trocou seu sistema orgânico por folhas de papel em branco, pra reescrever seu código genético, programou as letras G C T A para não funcionar mais com o danoso oxigênio, aquela faca de dois gumes da existência humana, e dali em diante se alimentaria de letras visuais. Mas ainda sim deixou a programação do sol como aliado à vitamina D, aquela linda.

Se organizou, pegou agulha e linha, feita de letras serifadas, vindas de romances antigos russos para ter resistência e também de contos de mistério para adicionar aquele tchan, e coseu as roupas que usaria dali em diante. Fez vestidos, calças, shorts, blusas e chapéus, um de cada, para aguentar qualquer clima possível, com páginas de livros antigos, até fez um vidro especial de letras sem serifa, vindas de um livro modernista, polarizados especialmente para aguentar o clima tropical e suprir sua necessidade de óculos.

E pronto. Não!

Faltava uma coisa.

Pegou as letras que sobraram, colocou-as em um pilão, e esmagou tudo muito bem esmagado, o resultado colocou em um vidro. Ali estava a matéria prima para escrever. Pegou uma caneta tinteiro e adicionou na sacola.

Agora sim, tudo pronto.

Colocou o que sobrou numa sacola, se arrumou, aprumou-se no seu chapéu e foi.

Foi pra vida.

Foi pro mundo.

Vender seus livros.

Vender suas arte.

Fazer marca-páginas de miçangas feitas de bolotas de letras de romances harlequin.

E escrever. Pura e simplesmente por escrever. Traduzir as ideias, as visões, as imaginações naquelas letras, com e sem serifas.

E escrever.

4 Comentários

  1. Chell

    Quero dizer que adorei muito este texto. Não tem nada de brisa, e sim sentimento =D

    Responder
    • Camila

      Obrigada, Chell <3

      Responder
  2. Mandy

    Ooi, tudo bom??
    Que texto mais amor <3 Quem nunca teve vontade de largar todas as coisas ruins e ir pro mundo, junto com algumas folhas em branco e várias ideias?
    Beijoos,
    Sétima Onda Literária

    Responder
    • Camila

      Obrigada, Mandy! Pior que é, viu… às vezes a vontade é quase irresistível. haha 🙂

      bjos

      Responder

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